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Composição e efeitos da vacina contra o HPV

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GEN | Grupo Editorial Nacional012/01

carla

A Dra. Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, aborda nesta entrevista a disponibilização da vacina contra o papilomavírus humano (HPV) para meninos de 12 a 13 anos e esclarece detalhes de sua composição, bem como efeitos a curto e longo prazos no DNA Humano.

GEN – A que se deve a inclusão do sexo masculino na prevenção do HPV? Quais serão os benefícios, de maneira geral, desse calendário ampliado de vacinação?

CD – A vacinação de meninos tem como objetivo prevenir os cânceres de pênis e de ânus e as verrugas genitais no sexo masculino. Além disso, por serem os responsáveis pela transmissão do vírus para suas parceiras, ao receberem a vacina, esses adolescentes irão colaborar com a redução da incidência dos cânceres de colo de útero e vulva nas mulheres, além de prevenir casos de cânceres de boca e orofaringe e verrugas genitais em ambos os sexos.

A ampliação da vacina para meninos irá fortalecer as ações de saúde da população masculina e ratificar a responsabilidade compartilhada para questões de saúde reprodutiva entre os gêneros. Essa decisão está, inclusive, de acordo com as recomendações das Sociedades Brasileiras de Pediatria, de Imunologia, de Obstetrícia e Ginecologia, além de DST/AIDS e do mais importante órgão consultivo de imunização dos EUA, o Advisory Committee on Immunization Practices.

Além disso, a inclusão dos adolescentes faz parte de um conjunto de ações integradas que o Ministério da Saúde tem realizado com o objetivo de ampliar os resultados com os recursos financeiros já disponíveis.

GEN – O Brasil é o primeiro país da América Latina e o sétimo do mundo a oferecer a vacina contra o HPV para meninos em um programa nacional de imunização. Qual será o impacto dessa iniciativa na saúde pública e, especificamente, na saúde dos homens?

CD – A estratégia tem como objetivo proteger contra os cânceres de pênis, garganta e ânus, doenças que estão diretamente relacionadas ao HPV. Os cânceres de garganta e de boca são o sexto tipo de câncer no mundo, com 400 mil casos e 230 mil mortes ao ano. Além disso, mais de 90% dos casos de câncer anal, muito mais frequente em homens, são atribuíveis à infecção pelo HPV.

GEN – Qual a razão de disponibilizar a vacina gradativamente por idade?

CD – O objetivo é ofertar a vacina para um maior número de pessoas, protegendo meninos e meninas antes do início da vida sexual, quando ainda não houve contato com o vírus HPV, ocasião em que a vacina é mais efetiva.

GEN – Quantos meninos de 12 e 13 anos deverão ser imunizados em 2017?

CD – A expectativa é imunizar mais de 3,6 milhões de meninos em 2017, além de 99,5 mil crianças e jovens de 9 a 26 anos vivendo com HIV/AIDS, que também passarão a receber as doses.

GEN – Então, além dos adolescentes, também receberão a vacina crianças e jovens de 9 a 26 anos vivendo com HIV/AIDS. Qual a razão dessa inclusão?

CD – As neoplasias anogenitais e as lesões intraepiteliais decorrentes do HPV ocorrem com mais frequência em pacientes portadores de HIV e AIDS. Estudos apontam que o câncer cervical, por exemplo, tem cinco vezes mais probabilidade de se desenvolver em mulheres HIV-positivas do que na população geral.

GEN – Quando a vacina começou a ser disponibilizada, o esquema vacinal das meninas contava com três doses. Atualmente são duas. Isso impacta na eficácia da imunização?

CD – Essa mudança está de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde, que comprovou, por meio de estudos, que o esquema de duas doses oferece a mesma proteção do de três doses. É importante ressaltar, porém, que, para a população vivendo com HIV e AIDS, o esquema continua com três doses.

GEN – Em 2017, qual será a dosagem oferecida para os grupos incluídos?

CD – O esquema vacinal para meninos e meninas contra HPV será de duas doses, com 6 meses de intervalo entre elas. Para os que vivem com HIV, o esquema vacinal será de três doses, com intervalos de 0, 2 e 6 meses. Para essa população, a faixa etária será mais ampla (9 a 26 anos), e a vacinação estará condicionada a prescrição médica.

GEN – Qual é o tipo de proteção oferecido por essa vacina?

CD – A vacina disponibilizada para os meninos será a quadrivalente, que já é oferecida desde 2014 pelo SUS para as meninas. É uma vacina muito segura, aprovada em 133 países, que confere proteção contra quatro subtipos do vírus HPV (6, 11, 16 e 18), com 98% de eficácia para quem segue corretamente o esquema vacinal. Os subtipos 16 e 18 causam a maioria dos cânceres de útero (70%) e de ânus (90%), e o 6 e o 11 causam 90% das verrugas genitais.

GEN – Qual a composição das vacinas?

CD – A vacina recombinante é composta pelos tipos HPV 6, 11, 16 e 18: Ingrediente ativo: 20 mcg de proteína do HPV 6 L1; 40 mcg de proteína do HPV 11 L1; 40 mcg de proteína do HPV 16 L1; 20 mcg de proteína do HPV 18 L1. (Proteína L1, sob forma de partículas tipo vírus produzida em células de levedura por médio de tecnologia DNA recombinante, adsorvida no adjuvante amorfo 225 mcg de sulfato de hidroxifosfato de alumínio). Ingrediente inativo: adjuvante alumínio (como sulfato de hidroxifosfato de alumínio amorfo), cloreto de sódio, L-histidina, polissorbato 80, borato de sódio e água para injetáveis. Não contém conservantes, nem antibióticos.

GEN – Quais são os efeitos a curto e longo prazos no DNA Humano?  

CD – A vacina HPV quadrivalente não causa infecção pelo vírus. No desenvolvimento dela conseguiu-se identificar a parte principal do DNA do HPV que o codifica para a fabricação do capsídeo viral (parte que envolve o genoma do vírus). Depois, usando-se um fungo (Sacaromices cerevisiae), obteve-se apenas a “capa” do vírus, que em testes preliminares mostrou induzir fortemente a produção de anticorpos quando administrada em humanos. Essa “capa” viral, sem qualquer genoma em seu interior, é chamada de partícula semelhante a vírus (em inglês, vírus like particle – VLP). O passo seguinte foi estabelecer a melhor quantidade de VLP e testá-la em humanos, na prevenção de lesões induzidas por HPV.

No caso das VLP, elas imitam o HPV, fazendo com que o organismo identifique tal estrutura como um invasor e produza contra ele um mecanismo de proteção sem nenhum risco de provocar a infecção produzida pelo vírus.

GEN – O Japão retirou apoio à vacina após efeitos adversos graves. Qual sua opinião?

CD – Segundo o último paper do Comitê Consultivo de Segurança das Vacinas da OMS/GAVRC, apesar das dificuldades no diagnóstico da Síndrome Dolorosa Regional Complexa (dor muito intensa no local da injeção), as revisões dos dados pré e pós-licenciamento não fornecem evidência de que esta síndrome esteja associada à vacinação contra o HPV.

Alguns sintomas de CRPS também se sobrepõem com sintomas de síndrome de fadiga crônica para os quais um estudo observacional publicado não relatou associação com vacinas contra HPV. Dezessete meninas japonesas sofreram esta síndrome e somente cinco delas tiveram apenas associação temporal com o uso da vacina. (HPV Vaccination and Complex Regional Pain Syndrome: Lack of Evidence/2015).

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