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Gerontologia, uma Ciência Interdisciplinar

Artigos Científicos
Ligia Py025/07

O aumento da longevidade, sonho dos humanos desde priscas eras, surpreende-nos nos dias atuais, prenunciando um novo tempo, que transgride o padrão vigente da cronologia das idades. Desde o período pós-guerra, segunda metade do século 20, vivemos intensas transformações, atendendo a novas necessidades sociais. Evidencia-se aí o fenômeno do envelhecimento das sociedades industrializadas, em progressão constante, expandindo-se também nos países em desenvolvimento, nos quais o ritmo desse crescimento obedece a uma surpreendente aceleração.

Nesse cenário, presencia-se a ascensão da Gerontologia, que assoma como ciência de grande repercussão e atualidade em todos os continentes.

O avanço científico na área do envelhecimento acompanha o progresso contemporâneo, inserindo-se e seguindo nos meandros das mudanças de paradigma que se sucedem, derrubando certezas e iluminando incertezas. Entre as incertezas que nos desafiam está a perplexidade diante do envelhecimento das gerações mais novas. As céleres mudanças que dominam o mundo atual nos surpreendem com a possibilidade de construção de novos e inusitados modos de envelhecer.

A Gerontologia diferencia-se no universo das ciências por um peculiar domínio de vasta área do conhecimento, exigindo a interconexão de multidisciplinas: orienta-se mais pelos seus propósitos – que sustentam a busca do saber sobre o envelhecimento e a velhice – do que pela finalização de resultados alcançados. Com suas características de complexidade e abrangência, torna o estudo e a prática interdisciplinares uma exigência da natureza do processo de envelhecimento. A formação profissional em Gerontologia está, assim, necessariamente fundada na interdisciplinaridade.

Desse modo, a Gerontologia, fundada na interdisciplinaridade, surge para a ciência como uma necessidade de transcender-se, de promover a integração da fragmentação das especialidades e de confrontar o mundo vivido. Particularmente, no que tange a saúde das pessoas idosas, as questões de origem biológica estão atreladas às expressões emocionais do sujeito que envelhece e se imbricam em outras questões de mesma importância, presentes no universo das relações sociais forjadas nas razões culturais e ambientais. [1]

Nenhuma ciência, nenhuma área do conhecimento retém o patrimônio da verdade ou é fonte de todos os valores. A interdisciplinaridade é o estatuto da insuficiência dos saberes isolados. Todo conhecimento é processo. Daí a ideia de uma rede, uma teia que vai se tecendo, na qual tudo está interligado. Na realidade, os nós da rede que vão construindo o conhecimento não se interligam por mera coincidência, como temas que simplesmente se justapõem, mas por estreita interdependência: uma espécie de relação em que cada nó enriquece seu significado à medida que descobre o significado de outro nó. Na construção do processo interdisciplinar, as competências das diversas áreas do conhecimento são elementos essenciais nessa interligação. Da mesma forma, a tessitura em rede e o desenho dos projetos e ações interdisciplinares não têm uma trajetória previsível, mas vão assumindo direções e sentidos maravilhosamente surpreendentes.

O objetivo, sem dúvida, utópico da interdisciplinaridade se volta à unidade do saber, mas não só; volta-se também à unidade do fazer. Com certeza, quando se fragmenta o saber e o fazer, fragmenta-se o sujeito desses processos. A interdisciplinaridade gerontológica constitui um grande acordo, que prevê relações bem transitivas e estreitas alianças entre os participantes do processo, incluindo-se aí o idoso2.

É claro que tudo isso é problemático. A conjugação de saberes e de fazeres é fruto de muita atenção e esforço. É uma conquista que acontece todos os dias, até alcançarmos uma intercomplementaridade dos saberes, o que, por certo, gerará solidariedade de ações. [2,3]

Referências bibliográficas

  1. Minayo MCS. A interdisciplinaridade no conhecimento e na prática da saúde do idoso. In: SBGG – RJ (org.) Jornadas. Rio de Janeiro: SBGG-RJ, 1994, pp. 74-76.
  2. Oliveira JF e Py L. Interdisciplinaridade e multiprofissionalidade em gerontologia: conjugação de saberes e ações. Educação em Rede. Rio de Janeiro: SESC, Departamento Nacional, 2013, pp. 122-131.(Vol. 3, Gerontologia.)
  3. Doll J, Oliveira JF, Sá JLM, Herédia VBM. Multidimensionalidade do envelhecimento e interdisciplinaridade. In Freitas EV e Py L (eds). Tratado de Geriatria e Gerontologia. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016, pp. 107-113.

Bibliografia

Japiassu H. Interdisciplinaridade e Patologia do Saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

Papaléo Netto M.  Introdução ao estudo do envelhecimento e da velhice. In Freitas EV e Py L (eds). Tratado de Geriatria e Gerontologia. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016, pp. 3-13.

Wass H e Neimeyer R. Dying: Facing the Facts. 3 ed. London/UK: Taylor & Francis, 1995.

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Sobre o Autor

Ligia Py

Ligia Py

Psicóloga. Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). Orientadora de Aprendizagem no Curso de Envelhecimento e Saúde do Idoso na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Membro da Comissão Permanente de Cuidados Paliativos da SBGG. Membro da Câmara Técnica de Cuidados Paliativos do Conselho Federal de Medicina (CFM).

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